grito silencioso
1º de março de 2013, dia em que a artista sofre um ataque lesbofóbico e tem seu rosto deformado por uma agressão. Durante seu processo de reconstrução, nasce o Grito Silencioso.
Todos os dias, no horário do almoço, a televisão insiste em nos colocar “goelabaixo” um show de carnificina, no entanto, esses programas sensacionalistas têm picos enormes de audiência. Será mesmo a televisão o entretenimento ou o alimento almoçado é que é o entretenimento para a verdadeira degustação?
O prato é o suporte para a refeição diária, na obra Grito Silencioso, e carrega os rostos de mulheres marcadas pela violência. A delicadeza do desenho contrasta com o pigmento vermelho pincelado, grosseiramente, no olho esquerdo de cada face. Essa pincelada faz com que respingue pigmento para além do rosto. Toda a sociedade é atingida pelo sangue derramado violentamente. A pincelada é a marca da agressão.
A vela e o fogo que iluminam a obra são símbolos de morte e de ressurreição em muitos rituais. Desse modo, somos nós mulheres agredidas, uma parte nossa certamente morre, no entanto, ainda assim, renascemos.
Esta obra, embora fúnebre, é um renascimento.
Objeto 110 x 100 x 30cm